Dissertações

Trabalhos escritos e defendidos pelos membros do Laboratório no nível do mestrado.

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Nacionalismo japonês no pós-Segunda Guerra Mundial: Tradição, sistema familiar e casamento fantasma em Contos da Lua Vaga (1953)
Marina de Jesus Amaral Spíndola

Autor: Marina de Jesus Amaral Spíndola
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 20
22

Resumo: Este estudo tem como objetivo analisar a obra Contos da Lua Vaga (1953) do diretor Kenji Mizoguchi, a luz de seu contexto histórico. Para tanto, buscaremos primeiramente explanar as condições do Japão pré 1945 para seguir para o pós-guerra, avaliando as rupturas e continuidades políticas, sociais e culturais na ilha.

A análise deste filme busca avaliar como o diretor trabalhou com o sistema familiar (sistema Ie) na obra, assim como os preceitos de ancestralidade e comunidade, que sofriam transformações no pós-guerra. Ao representar e propagar um tipo de família e identidade em seu filme, Mizoguchi imaginou a comunidade japonesa, projetando suas possibilidades de futuro em relação modernidade e a Ocupação do Japão pelos estadunidenses (1945-1952). A importância creditada a família e a comunidade aparece também em outro elemento a ser estudado na obra, o ritual Casamento Fantasma, performado em momentos de fatalidade e calamidade.

Ao examinarmos o sentido do filme por meio do método da decupagem, procuraremos isolar a narrativa e as construções histórico-imagéticas, comparando-as com documentos extra-fílmicos que colaboram com uma compreensão mais profunda tanto da obra, quanto dos anseios do diretor em relação ao seu tempo.

Palavras-Chave: Contos da Lua Vaga, Sistema iê, Pós-Guerra, Nacionalismo, Tradição, casamento fantasma.

Nacionalismo e Identidade Nacional da Coreia do Sul: Análise do Filme 'Piagol' (1955)
Camila Regina de Oliveira

Autora: Camila Regina de Oliveira
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 20
21

Resumo: Após a reconhecida divisão nacional resultante da Guerra da Coreia (1950-1953), a Coreia do Sul entrou em um processo de transformações sob o governo de extrema-direita de Syngman Rhee. Em seu governo, com apoio dos Estados Unidos, Rhee dedicou sua administração a inserir políticas anticomunistas na sociedade sul-coreana através da Lei de Segurança Nacional, a fim de instituir uma identidade nacional ideologicamente anticomunista para o desenvolvimento do novo país orientado a ser reconhecido no mundo capitalista, no contexto da Guerra Fria. Este trabalho tem por objetivo analisar os processos históricos da construção do nacionalismo sul coreano a partir da narrativa fílmica de uma obra cinematográfica anticomunista, chamada Piagol (1955). Piagol conta a história de um grupo de guerrilheiros comunistas norte-coreanos em uma montanha (Jiri) da vila Pia (Gol para vila, em coreano), situada ao sudoeste da Coreia do Sul. A análise foi feita com base da decupagem do filme e explorado em suas características narrativas de diálogo, expressões, cenário e sons para compreender as emoções desenvolvidas ao público a fim de criar uma narrativa anticomunista na sociedade. Piagol (1955) foi um filme censurado pela Lei de Segurança Nacional, por aparentemente proporcionar visões pró-comunistas. Por isso, o filme foi alterado e passou por alguns cortes. Com o estudo apresentado percorremos pelo desenvolvimento da consciência nacional coreana durante a era do imperialismo e pela inserção do anticomunismo durante a colonização japonesa, no início do século XX compreendendo a continuidade do caráter anticomunista integrado ao desenvolvimento da Coreia do Sul como nação distinta da Coreia do Norte.

Palavras-Chave: Coreia do Sul, anticomunismo, nacionalismo, cinema.

Imigração e Entidades de Benemerência na Comunidade Judaica de São Paulo: Sociedade Beneficente das Damas Israelitas e Organização Feminina Israelita de Assistência Social (Décadas de 1930 a 1970)
Ana Paula Mendonça Gomes

Autora: Ana Paula Mendonça Gomes
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 201
9

Resumo: Esta pesquisa discute sobre a história de duas associações de beneficência e assistência social da comunidade judaica da cidade de São Paulo no decorrer do século XX: a “Sociedade Beneficente das Damas Israelitas” e a “Organização Feminina Israelita de Assistência Social (OFIDAS)”. Considerando tais associações como formas de fixação comunitária na cidade, abordamos sobre sua constituição e funcionamento, especialmente sobre os casos de mulheres por elas atendidos. Para tanto, são analisados os fundos documentais remanescentes das atividades da Sociedade das Damas e da OFIDAS que se encontram sob guarda do Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo (CDM).

Palavras-Chave: Comunidade Judaica, Associações de Beneficência e Assistência Social, Imigração, Sociedade Beneficente das Damas Israelitas, Organização Feminina Israelita de Assistência Social – OFIDAS.

"De qual Japão estamos falando?" Memória e Identidade a partir da concepção de "Japão" dos descendentes de japoneses no Brasil
Cesar Kenzo Nakashima

Autor: Cesar Kenzo Nakashima
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 201
8

Resumo: Após quase 110 anos da imigração japonesa no Brasil e do processo de integração deste grupo migratório na sociedade brasileira, ainda hoje existe uma relação paradoxal entre os dois países – e isto se reflete muitas vezes no cotidiano dos nipo-descendentes, que acabam sendo associados ao país mesmo tendo nascido em território brasileiro. Os efeitos desta condição se revelam nas nuances de suas trajetórias, e isso abre caminho para refletir de que maneira o Japão (ou os “Japões”) se manifesta nessas experiências, e em que medida ele se aproxima ou se distancia do sentimento de pertencimento. Assim sendo, o presente trabalho teve por objetivo evidenciar, a partir do uso da História Oral, as formas como os nipo-descendentes lidam com esta questão identitária a partir das concepções de “Japão” construídas através de suas experiências de vida. Trazer esta reflexão para as discussões acerca do tema é de grande importância para compreender o fenômeno migratório e seus efeitos na sociedade brasileira – incluindo a comunidade Nikkei –, que cada vez mais estreita relações culturais com o país asiático a partir de festivais, de produções artísticas, da culinária e, principalmente, da indústria do entretenimento.

Palavras-Chave: Imigração japonesa, Comunidade Nikkei, Identidade e Memória, História Oral, Japão.

Revivendo O Império Persa: Nacionalismo, Modernização E Discurso Histórico Em Mohammad Reza Pahlavi (1960-1967)
Felipe Ramos De Carvalho Pinto

Autor: Felipe Ramos De Carvalho Pinto
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 201
8

Resumo: Analisando os livros Mission for my country (1961) e The White Revolution of Iran (1967), esta dissertação tem como objetivo (1) examinar como Mohammad Reza Pahlavi narra a transformação do Irã, de um império multiétnico e administrativamente descentralizado, num Estado-nação moderno, centralizado e calcado numa noção imaginada de homogeneidade racial e linguística de sua população (2) compreender as transformações nas formas de legitimidade do poder entre a Era Qajar e a Era Pahlavi e nas narrativas que lhes davam sustentação. Quando os Pahlavi romperam com a dualidade religiosa e temporal da autoridade que vigorava sob os Qajares, e o Estado renunciou à jurisprudência clerical como instrumento de legitimação do poder real, o rei se viu na posição de fornecer sua própria narrativa para sancionar a instituição monárquica, cuja centralidade passara a ser contestada. O xiismo duodécimo no século XX continuava, no Irã, a ser o elemento primário de legitimação política. Por outro lado, crescia a noção de que a autoridade só era legítima na medida em que emanasse do “povo iraniano” – uma população ligada a um território de fronteiras definidas, e com uma história compartilhada, cujos contornos eram ainda, entretanto, objeto de disputa -, que precisava recuperar sua antiga glória frente ao avanço predatório das potências ocidentais. No primeiro caso, a sanção vinha pela vontade de Deus. No segundo, pela nação como a forma natural de organização dos seres humanos, estando implícita, neste princípio, sua antiguidade. A síntese realizada pelo xá desses dois princípios era a de que a nação fora unificada pelas mãos do monarca no século VI a.C, que o monarca era instrumento da ação divina, e que a vontade de Deus de unidade da nação só poderia ser mantida com o pulso firme do monarca na sua condução. Sempre que essas condições estivessem presentes, o Irã estaria na vanguarda da civilização. Mas esta narrativa fora buscada na arqueologia, nas fontes bíblicas e nas fontes greco-romanas, bem como no moderno mito de que os “arianos” eram construtores de civilização. Ao fazer esta opção, o xá punha de lado narrativas mais tradicionais, mais populares, e que eram exploradas efetivamente pela oposição. A partir da problemática que aqui apontamos, refletimos também a respeito dos conceitos de “nacionalismo” e “modernização”, contestando teorias que neles veem meramente uma “importação”.

Palavras-Chave: Nacionalismo, Modernização, Usos do passado, Irã, Islã.

"Going Native": Islã e Alteridade em Personal Narrative Of A Pilgrimage To Al- Madinah And Meccah (1855-6), de Richard Francis Burton
Paula Carolina de Andrade Carvalho

Autor: Paula Carolina De Andrade Carvalho
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 201
7

Resumo: Esta pesquisa da área de História é um estudo sobre identidades, relações de alteridade e questionamentos sobre o conceito de diferença. No centro disso, duas figuras que, na verdade, são a mesma. A fonte é o relato de viagem Personal Narrative of a Pilgrimage to Al-Madinah and Meccah (1855-6), do explorador britânico Richard Francis Burton (1821-1890) que, ao empregar o disfarce do muçulmano Shaykh Abdullah – figura que também aparece em outros livros de Burton –, conseguiu realizar a peregrinação a Meca, o hajj, ritual sagrado do islã proibido a não muçulmanos. Trata-se, portanto, de um estudo sobre a representação do “outro” muçulmano, ou melhor, da representação de si mesmo como “outro”. Pois argumentamos que há no relato uma tensão entre dois narradores: o Burton-narrador, uma vez que o livro é narrado em primeira pessoa, e Abdullah, que, em geral, se manifesta na terceira pessoa; mesmo assim, em alguns momentos as duas pessoas se confundem numa mesma sentença. Assim, Abdullah assume uma presença conflituosa na narrativa, trazendo questionamentos sobre quem é o verdadeiro protagonista da obra e procurando refletir sobre a natureza da sua relação com Burton, extrapolando as páginas do relato. Da mesma forma, procuramos analisar como Abdullah era percebido por outros personagens, tanto muçulmanos quanto não muçulmanos, uma vez que ele vai passando por mudanças ao longo da narrativa, já que a natureza da identidade não é fixa e estanque.

Palavras-Chave: Richard Francis Burton, Peregrinação, Literatura de Viagem, Imperialismo.

O Melodrama do Terror: A Índia Imaginada no filme Mission Kashmir (2000)
Bruno Tadeu Novato Resende

Autor: Bruno Tadeu Novato Resende
Orientação: Samira Adel Osman
Ano: 20
17

Resumo: O objetivo da pesquisa de mestrado proposta é analisar como o fenômeno do terrorismo, e seus estereótipos, são problematizados pelo filme Mission Kashmir. Pretendemos compreender esse fenômeno, e suas associações a grupos sociais e confessionais específicos, a partir do pressuposto de que os filmes possuem uma capacidade de evidenciar as formas de representação e o imaginário social de uma determinada sociedade.

A partir dessa perspectiva, essa pesquisa pretende considerar como o terrorismo é representado no filme indiano Mission Kashmir. Analisar como os militantes, suas motivações e seus métodos de ação são representados no longa-metragem de Vinod Chopra a partir da articulação entre as principais obras referentes ao terrorismo e os pressupostos incontornáveis ao uso do cinema como fonte histórica como a análise sóciohistórica e os conceitos de Representação e Imaginação Social.

Palavras-Chave: Terrorismo, Melodrama, Índia, Representação, Bollywood.