A II edição da Jornada Afroasiática deste ano homenageia Franz Fanon e Edward Said, dois grandes expoentes da luta e do pensamento anticolonial. Fanon que faleceu há 60 anos em 2021, e Said que completou 20 anos de sua morte em 2023. Lembramos também os 71 anos da obra "Peles Negras, Máscaras Brancas" de Fanon, que ocupou importante lugar na reflexão e nas lutas anticoloniais nas décadas de 60 e 70. Suas ideias continuam a gerar discussões e influenciar ações globalmente. Fanon e Said nos provocaram profundo estranhamento dos discursos hegemônicos sobre a geopolítica internacional, nos levando a questionar as hierarquias de corpos e populações e convidando-nos a ver narrativas como "campos de batalha", como disse Said. 

Essas narrativas abrem caminhos para outras histórias possíveis, criticando visões pessimistas, racistas e orientalistas na compreensão das sociedades africanas e asiáticas. Seus legados inquietantes alimentam reflexões anticoloniais e decoloniais mesmo em nosso tempo. Neste evento destacaremos suas trajetórias pessoais e sua conexão com as sociedades e territórios que estudaram e por eles militaram academicamente e intimamente durante suas vidas. Fanon e Said lutaram contra a hierarquização e a essencialização que enfrentaram em vida, coincidentemente falecendo devido à mesma doença em tempos diferentes. 

No Brasil, celebramos os 20 anos da lei No 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. No entanto, é importante reconhecer que a história Afro-Brasileira ainda é relegada a um papel secundário, levantando ao questionamento sobre os motivos da persistente falta de reconhecimento. Além disso, destacamos a ausência de uma política de ensino de História da Ásia, mesmo com a presença expressiva de imigrantes e seus descendentes no Brasil. Tais fatos nos convidam a percepção de que falar dos “colonizados”, dos “subalternos” foi, e ainda é, uma experiência profundamente marcada pela busca de si.